Quando uma tragédia acontece, há dois caminhos a seguir: chorar e não fazer nada ou chorar e fazer alguma coisa para evitar que fatos assim aconteçam de novo. Foi o que fez a família de Eric Francio Severo, vítima de latrocínio (roubo seguido de morte), aos 21 anos.
Nascido em Sinop, Mato Grosso, no dia 1 de novembro de 1993, Eric cursava Medicina na Unisul, em Tubarão, Santa Catarina, onde ingressou em março de 2013. Em 27 de dezembro de 2014, estava de férias na casa dos pais, em Sinop, quando, por volta das 21 horas, foi com amigos a um bar chamado Botequim, a cerca de 1,2 mil metros de sua casa.
Às 2h40 da madrugada, sua mãe, Soely, acordou preocupada e não mais dormiu, porque Eric não respondia o WhatsApp. Às 4h15, acordou o marido, Leonildo Severo, e avisou que o Eric não respondia o celular. O pai mandou mensagens e também não obteve resposta. A última visualização tinha sido à 1h40. Começou a ligar de cinco em cinco minutos, e, na quarta ligação, viu que o número apareceu com DDD. Nessa hora, avisou a esposa: "O celular do Eric não está mais em Sinop".
Ambos pularam da cama e começaram uma busca pela madrugada. Acordaram o irmão do Eric, Ícaro (então com 19 anos), que tinha chegada poucos dias antes, também de férias (cursava Direito na UFMT, em Barra do Garças, Mato Grosso). Era um sábado, e a busca foi se intensificando. Mas somente às 16 horas é que receberam a notícia: dois homens haviam sido presos com a S-10 da família, com a qual Eric tinha saído na noite anterior. O veículo fora preso em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Os dois homens, a princípio, disseram que não tinham levado o rapaz, que apenas tinham receptado a S-10 para levar à venda no Paraguai, onde seria trocada por drogas. Mas à noite confessaram: tinham matado Eric próximo a Lucas do Rio Verde, em uma estrada a 130 quilômetros de Sinop. Mas não souberam informar o local exato.
O corpo de Eric somente foi encontrado na tarde do domingo, 28 de dezembro, e sepultado em Sinop, na manhã da segunda-feira, dia 29. Em caixão lacrado, dada a situação em que fora encontrado. Ainda no cemitério, a família recebeu a inspiração de fundar o Instituto Eric. E a primeira ação foi escrever aos deputados e aos senadores pedindo mudanças na legislação penal.
O inteiro teor da carta foi colocado na justificativa do Projeto de Lei 353/2015, apresentado em fevereiro de 2015, pelo então deputado federal Major Olímpio (SP). E, desde então, a família segue lutando pela aprovação de mudanças na legislação penal, mas ainda sem resposta positiva do Congresso Nacional.
Lutar para que o Congresso Nacional aprove leis que aumentem a pena para latrocínio e outros crimes hediondos.
Nossa luta é para que o Congresso Nacional aprove leis que aumentem a pena para latrocínio e outros crimes hediondos. Para evitar que outras famílias sofram o que sofrem a família e amigos do Eric. O desejo é que o Brasil aprove a Lei Eric, em memória dele e de todas as vítimas de violência.
O Instituto Eric segue sua luta esperando que o Congresso Nacional faça as mudanças necessárias na legislação penal, aumentando a pena para latrocínio e outros crimes hediondos. A pena máxima atual, de 30 anos, está desatualizada. Vem de um tempo em que a expectativa de vida era de cerca de 45 anos. Para os tempos atuais, deveria ser de 55 anos, pelo menos. O Projeto de Lei 353/2015 apresentou a proposta de elevação da pena para 50 anos. O Congresso Nacional precisa enfrentar essa questão e atualizar a legislação penal. Porque, enquanto para o assassino há vida e liberdade, para a vítima a pena é de morte.